sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Pré conceitos e nomes

         Platão, no Crátilo[1], ao referir-se aos nomes, indica que o primeiro nome deveria ser dado pelo filósofo, legislador[2], que teria certa capacidade inata para conceitualizações. Observa-se que a nomeação subsequente dada a outros objetos semelhantes ao primeiro objeto será uma cópia da nomeação original - em meio a uma porção de objetos semelhantes já nomeados igualmente, qualquer novo objeto apresentado aos sentidos será comparado com aqueles outros objetos apresentados anteriormente, nomeados em cadeia desde o elo original nomeado pelo legislador. Sempre é dado um nome ou conceito semelhante ao de objetos semelhantes. A necessidade da compreensão da relação entre os objetos não é só necessária para o entendimento dos fatos, mas também para a nomeação e formação de conceitos.
          Wittgenstein fala que “no estado das coisas os objetos ligam-se uns aos outros como elos de uma cadeia" (WITTGENSTEIN, 1968, p. 58). Logo adiante Wittgenstein continua dizendo que “os estados de coisas são independentes uns dos outros" (WITTGENSTEIN, 1968, p. 58). O enfoque dado por Wittgenstein sobre uma suposta ligação entre os objetos seria baseado na estrutura lógica entre eles que, em conjunto, formariam os fatos: “o que ocorre, o fato, é o subsistir dos estados de coisas” (WITTGENSTEIN, 1968, p.55). Wittgenstein assim trata dos objetos em conjunto para explicitar a lógica implícita no mundo, que corresponderia aos fatos.
            Mas existe outro tipo de relação entre objetos, não do tipo de encadeamentos lógicos que desembocam nos fatos, e sim como processo comparativo entre semelhanças e dessemelhanças, para a difusão de nomes e conceitos primitivos. Os nomes e conceitos pré-estabelecidos dos objetos difundem-se por comparação para designar novos objetos que entram no campo da percepção. Essa formação de nomes e conceitos por comparação através dos pré nomes e conceitos pode levar a formação de pré-conceitos falhos, via raciocínios indutivos reducionistas grosseiros.




[1] PLATÃO. Crátilo. Lisboa: Instituto Piaget, 2001.
[2]Luego no es árbitro todo el mundo, mi querido Hermógenes, de imponer nombres, sino que lo es sólo el verdadero obrero de nombres; y éste es, al parecer, el legislador, que es de todos los artesanos el que más escasea entre los hombres (PLATÓN, Crátilo, Edición electrónica de www.philosophia.cl / Escuela de Filosofía Universidad ARCIS, p 8)

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Sobre "Sobre um suposto direito de mentir por amor à humanidade"


No texto Sobre um suposto direito de mentir por amor à humanidade[1], Immanuel Kant[2] diverge de Benjamim Constant. Cada qual defende uma forma de agir, através da qual os indivíduos praticariam ações moralmente boas. Kant acredita que os indivíduos nunca teriam direito de mentir, Constant, por outro lado, defende que deveríamos dizer a verdade somente quando os ouvintes tivessem direito a ela.
Para Kant, o erro fundamental de Constant estaria em atribuir ao indivíduo um suposto direito à verdade. Kant discorre que “importa, em primeiro lugar, observar que a expressão ´ter direito à verdade´ é uma palavra sem sentido” (KANT,1797, p. 4). Segundo Kant, a verdade não seria algo subjetivo, que poderia pertencer ou não a determinado indivíduo. Para Kant, o indivíduo teria direito apenas à sua própria veracidade.
Kant segue argumentando que nem mesmo uma mentira bem intencionada deveria ser proferida. Segundo Kant, “a veracidade nas declarações, que não se pode evitar, é o dever formal do homem em relação seja a quem for, por maior que seja a desvantagem que daí decorre para ele ou para outrem” (KANT,1797, p. 4). Conforme Kant, quem mente, mesmo com boa intenção, também seria sempre responsável pelos fatos que, da mentira, depois decorreriam.
Quem, pois, mente, por mais bondosa que possa ser a sua disposição,deve responder pelas consequências, mesmo perante um tribunal civil, e por ela se penitenciar, por mais imprevistas que essas consequências possam também ser; porque a veracidade é um dever que tem de se considerar como a base de todos os deveres a fundar num contrato e cuja lei, quando se lhe permite a mínima excepção, se toma vacilante e inútil. ("Sobre um suposto direito de mentir por amor à humanidade" in "A paz perpétua e outros opúsculos", Trad. Artur Morão, ed. Edições 70, Lisboa-Portugal: 1995) 

Para Kant, todo ser racional existiria como um fim em si mesmo, e não deveria ser tratado como um meio. Segundo Kant, o indivíduo que mente trataria as pessoas como meio, e não como fim. Para Kant, o mentiroso atentaria não apenas contra um indivíduo, mas contra a humanidade inteira.
Por conseguinte, a mentira define-se como uma declaração intencionalmente não verdadeira feita a outro homem, e não é preciso acrescentar que ela deve prejudicar outrem, como exigem os juristas para a sua definição [mendacium est falsiloquium in praejudicium alterius]. Efetivamente ela, ao inutilizar a fonte do direito, prejudica sempre outrem, mesmo se não é um homem determinado, mas a humanidade em geral. (_____. Sobre um suposto direito de mentir por amor à humanidade in A paz perpétua e outros opúsculos, Trad. Artur Morão, ed. Edições 70, Lisboa-Portugal: 1995) 

Kant leva em conta no seu artigo a questão da mentira, mas não aprofunda o tema da promessa. Prometer não é mentir porque parte de uma intenção “a priori”, sujeita ou não à concretização. Caso uma promessa não venha a se cumprir, dependendo do contexto, não significa que houve mentira. Assim Kant, no texto Sobre um suposto direito de mentir por amor à humanidade, acaba deixando entreaberta uma porta aos sofistas.


[1] _____. Sobre um suposto direito de mentir por amor à humanidade in A paz perpétua e outros opúsculos, Trad. Artur Morão, ed. Edições 70, Lisboa-Portugal: 1995
[2] Immanuel Kant foi um filósofo prussiano considerado o último grande filósofo dos princípios da era moderna.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Sobre o Discurso do método


No início do Discurso do método[1], René Descartes[2] disserta sobre a distribuição universal do bom senso[3], que levaria a uma certa uniformidade na capacidade de bem julgar e de distinguir o verdadeiro do falso. Descartes faz um comentário irônico sobre a questão dos indivíduos estarem insatisfeitos com tudo exceto com seu bom senso, e que não desejariam ter mais bom senso do que já têm. Face à uniformidade do bom senso, a diversidade das opiniões decorreria do fato de a condução do pensamento ser feita por diversas vias, sem considerar as mesmas variáveis.
Descartes afirma a seguir que para se chegar ao conhecimento da verdade não bastaria ter o espírito virtuoso, mas que seria necessário antes aplicar esse espírito de maneira correta, e segue explicando que apenas as boas intenções advindas do bom senso não seriam suficientes para alguém seguir no caminho do conhecimento pelas vias do pensamento. Para Descartes, seria mais proveitoso buscar a verdade utilizando-se de métodos certos e seguros, mesmo que esse seja um processo mais demorado, do que utilizar-se de métodos rápidos e obscuros que podem conduzir ao erro.
Descartes continua o discurso revelando o seu racionalismo quando exalta as obras e leis humanas elaboradas com o uso da razão, planejadas, a priori, especialmente quando criadas pela mente de um só homem. Por outro lado, Descartes critica o empirismo ao afirmar que frequentemente não há perfeição nas “obras compostas de várias peças, e feitas pelas mãos de vários mestres” (DESCARTES, 1973, p. 15), as obras e leis compostas seriam mal feitas quando elaboradas por muitos, conforme as necessidades dos tempos, e por fim resultariam caóticas.
Assim, imaginei que os povos que, tendo sido outrora semi-selvagens e tendo-se civilizado apenas, pouco a pouco, foram fazendo suas leis somente à medida que a incomodidade dos crimes e das querelas a isso os forçou não poderiam ser tão bem policiados como aqueles que, desde o momento em que se reuniram, observaram as constituições de algum prudente legislador. Como é muito certo que o estado da verdadeira religião, cujos mandamentos Deus fez sozinho, deve ser incomparavelmente mais bem regulamentado do que todos os outros. (DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Abril Cultura, 1973. Col. Os Pensadores, vol. XV, p.16)
O racionalismo de Descartes o leva a uma crítica radical em relação ao mundo e a tudo o que do mundo faz parte. Desta forma, por meio da dúvida metódica oriunda de um ceticismo controlado, Descartes afasta-se de tudo aquilo que até então fora estabelecido como verdadeiro e dado como certo. Partindo quase do nada, certo de que o único pressuposto da sua existência é o pensar, Descartes estabelece um método universal audacioso inspirado no rigor da matemática - pela qual tem grande apreço - e que consiste de quatro preceitos.
O primeiro preceito seria o da evidência como critério de verdade - Descartes inclui em seus juízos somente aquilo que é tão claro a ponto de não poder gerar a menor dúvida. O segundo preceito seria a divisão do todo em partes, para então depois proceder-se um exame em cada uma das partes, ou seja, a análise. O terceiro preceito diz respeito à síntese, na qual se parte do mais simples em direção ao mais composto. Por fim, o quarto princípio cartesiano seria o da comprovação, que se faria por meio de enumerações completas e revisões gerais.
Descartes justifica o descarte dos sentidos como ferramenta de apreensão da verdade, através da metáfora de que o gênero humano poderia estar sendo continuamente iludido por um ente poderoso e enganador denominado “gênio maligno”. Conforme a metáfora de Descartes, esse “gênio maligno” desvirtuaria a realidade, e estaria sempre se empenhando para criar a ilusão dos sentidos. Partindo de uma extensão do solipsismo[4], e baseado no método intuitivo[5], Descartes concluirá que a única certeza indubitável de que tem é a de que duvida, e por conseguinte, a de que pensa.
Descartes sempre utilizará como base o método discursivo de raciocínio intuitivo evidente, método estritamente racional que teria o rigor da matemática. Através desse tipo de raciocínio, Descartes percebe que o ser sabe de forma clara e distinta que, para duvidar e pensar tem que existir. Descartes concluirá dessa forma, que o ser é indissociável do pensar, e que a causa do ser é o pensar. “Penso, logo existo” (DESCARTES, 1973, p. 38).
            Pelo método intuitivo utilizado por Descartes, é possível obter-se conhecimentos tais como “eu duvido”, “eu existo”, “eu penso”, ou de que um triângulo é formado por três linhas. Mas esse tipo de método de raciocínio deixa margens a dúvidas. Desde Platão[6], no Teeteto[7], quando Sócrates falava a Teeteto “Mas o que te perguntei, Teeteto, não foi isso: do que é que há conhecimento, nem quantos conhecimentos particulares pode haver; minha pergunta não visava a enumerá-los um por um; o que desejo saber é o que seja o conhecimento em si mesmo. Será que não me exprimo bem?” (PLATÃO, p.6), ainda hoje não se sabe como dar motivos concretos a um raciocínio intuitivo, nem como deve ser expresso esse intuir interior. Utilizando-se na sequência do intuir um raciocínio dedutivo, é possível analisar a conclusão de Descartes desdobrando o argumento “penso, logo existo” em duas premissas. Podemos considerar que a premissa maior é "tudo o que pensa existe", e a premissa menor é "eu penso". A conclusão seria "eu existo". Mas Descartes não poderá definir exatamente o que é "pensar", e muito menos o que seja o “eu”, o "ser" e o “existir”, e a despeito da sombra da hipótese do “gênio maligno”, ele segue intuindo.
Descartes acredita que o raciocínio intuitivo evidente seria capaz de produzir conhecimentos verdadeiros, pois através dele, ele teria alcançado a verdade inquestionável de que pensa, logo existe. Mas apesar da razão intuitiva ter levado ao desvelo de uma verdade provisória, ainda não está excluída a possibilidade da existência do “gênio maligno”, o deus enganador. Descartes então considera fundamental demonstrar a existência de Deus, um Deus bondoso, que traga segurança, e seja a garantida da manutenção das verdades alcançadas pela razão. Para isso Descartes recorre mais uma vez ao raciocínio intuitivo, ao bom senso, e também a Platão.
Uma das ideias inatas[8] que teríamos em mente é a ideia de perfeição, e é esta ideia que Descartes utilizará como ponto de partida para as provas da existência de Deus. Para Descartes as ideias inatas eram fundamentalmente os conceitos matemáticos e também a própria ideia da perfeição. A ideia de perfeição só poderia ter sido criada por algo perfeito, Deus. Para Descartes, sendo Deus perfeito, teria que existir, pois não seria possível conceber Deus perfeito apenas como um ser abstrato - a completude da sua perfeição seria a sua concretização. Alem disso, Descartes intui que o ser pensante não poderia ter sido o criador de si próprio, pois se tivesse sido criador de si próprio, ter-se-ia criado a ele mesmo perfeito, imune e livre dos engodos do “gênio maligno”. Para Descartes, somente a perfeição divina poderia ter sido a criadora do ser imperfeito e finito que é o homem, e também de toda a realidade que o circunda.
Deus, sendo perfeito, não poderia ser enganador. Então assim estaria por fim refutada a hipótese do “gênio maligno” e abandonado o ceticismo provisório. Descartado o solipsismo, estaria também garantida a adequação entre o pensamento intuitivo evidente e a realidade. Se Deus não é enganador, então as nossas evidências racionais seriam absolutamente verdadeiras.
As considerações acima são de importância relevante para compreendermos o pensamento cartesiano desde as primeiras páginas do Discurso do método. Basta uma leitura inicial na obra para se perceber que a escolástica[9] nunca deixou de estar presente no espírito de Descartes, pois essa é a filosofia que lhe foi ensinada e que, mesmo parcialmente imerso nela, ele sonhava em substituir pela sua. Apesar de Descartes ter inaugurado uma reflexão independente da fé, o seu raciocínio intuitivo aproxima-se bastante daquela. O período do Renascimento[10], que ressuscitou Platão, e que foi um foco de ceticismo e de pensamento autônomo, também influenciou Descartes, bem como o medo de ser desaprovado pela Igreja e de ter um destino semelhante ao de Galileu Galilei[11].
O Discurso do método não foi a primeira obra escrita por Descartes, apesar de ser a sua primeira obra publicada. O início dessa primeira obra publicada por Descartes é quase uma autobiografia, com reflexos do seu tempo. No Discurso do método Descartes não teve intenção de explicitar o método, e sim de mostrar como havia chegado até ele. “Portanto, meu propósito não é ensinar aqui o método que cada qual deve seguir para bem conduzir sua razão, mas somente mostrar de que modo me esforcei por conduzir a minha” (DESCARTES, 1973, p. 7). Em todas as suas obras Descartes procurou aplicar os quatro preceitos do método, evitando os métodos empíricos e experimentais. Mas os quatro preceitos do método não evitam que Descartes parta de pressupostos intuitivos para chegar a conclusões metafísicas próximas aos assuntos da teologia, a qual considerava refratária a qualquer tipo de abordagem racional.
Eu venerava a nossa teologia e pretendia, como qualquer um, ganhar o céu; porém, tendo aprendido, como algo muito certo, que o seu caminho não está menos franqueado aos mais ignorantes do que aos mais sábios e que as verdades reveladas que para lá conduzem estão além de nossa inteligência, não me atreveria a submetê-las à debilidade de meus raciocínios, e pensava que, para empreender sua análise e obter êxito, era preciso receber alguma extraordinária assistência do céu e ser mais do que homem. (DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Abril Cultura, 1973. Col. Os Pensadores, vol. XV, p.11)
Estas palavras lembram, de alguma forma, a célebre citação de Ludwig Wittgenstein[12] no Tractatus Logico-Philosophicus[13]: "Sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar" (WITTGENSTEIN, 1968, p.129). De forma semelhante a Descartes, Wittgenstein decreta que as proposições sobre o místico, sobre Deus, sobre a ética, sobre a estética e sobre assuntos teológicos, são todas absurdas do ponto de vista dos requisitos lógicos para a construção de proposições significativas. Wittgentein não está descartando os objetos dessas proposições, ao contrário, está sugerindo que a ética, a estética e a dimensão mística e teológica são transcendentes, não estão ao alcance da linguagem humana. Seria então necessário ser mais do que homem para ter verdadeiro conhecimento sobre esses assuntos devido à sua inefabilidade. Segundo Wittgenstein, a melhor atitude em relação ao transcendente seria a de manter um respeitoso silêncio.
Apesar da dificuldade de aproximar-se de temas transcendentes apontada por Descartes e Wittgenstein, os filósofos do presente e do futuro não deverão esmorecer no trabalho de investigação e aprofundamento de temas ontológicos, metafísicos e mesmo teológicos. Novos paradigmas[14] deverão unir empiristas e racionalistas, analíticos e continentais.  Outros métodos e preceitos poderão despontar para além das sempre conhecidas formas de raciocinar. Formas inéditas de pensar abarcarão a complexidade com o auxílio de computadores e mentes brilhantes sobre os ombros dos velhos gigantes.


[1] DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Abril Cultura, 1973. Col. Os Pensadores, vol. XV.
[2] René Descartes (1596-1650) foi um filósofo francês que escreveu o Discurso do método, um tratado matemático e filosófico publicado na França 1637. Descartes, por vezes chamado de “o fundador da filosofia moderna”, é considerado um dos pensadores mais influentes da história.
[3] O bom senso é ligado à idéia de sensatez, sendo uma capacidade intuitiva de distinguir a melhor conduta em situações específicas que, muitas vezes, são difíceis de serem analisadas mais longamente. 
[4] Solipsismo é a idéia de que a única realidade é o próprio eu, e que tudo o mais não tem existência em si própria, ou não se pode comprovar tal existência. A ilusão do mundo então, incluindo as outras pessoas, seria uma projeção da mente. A única visão de realidade absolutamente irrefutável é a solipsista.
[5] Método intuitivo, amplamente utilizado por René Descartes e Henry Bergson, ocorre quando a apreensão do objeto se efetua de modo direto e imediato. Desta maneira, é aquele método que consiste numa operação total, única e indivisa do espírito. Que se projeta  sobre o objeto e o domina abrangendo, com uma só visão, sem que nada se interponha entre o sujeito que conhece e o objeto que se procura conhecer. Filósofos analíticos criticam esse método julgarem que ele não possui nenhum valor de verdade.
[6] Platão (427 a.C.- 347 a.C.) foi um filósofo grego da antiguidade, considerado um dos principais pensadores gregos. Tornou-se discípulo do filósofo Sócrates. Escreveu inúmeros diálogos e cartas, onde a figura principal é Sócrates. Sua filosofia é baseada na teoria de que o mundo que percebemos com nossos sentidos é um mundo ilusório, confuso. O mundo espiritual é mais elevado, eterno, onde está o que existe verdadeiramente, as ideias, que só a razão pode conhecer.
[7] _____. Teeteto e Crátilo. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: Ed. UFPA, 2001.
[8]  Ideias inatas seriam ideias que, nascidas conosco, são como que a marca do criador no ser criado à sua imagem e semelhança. Estas ideias inatas, claras e distintas, não seriam inventadas por nós, mas produzidas pelo entendimento sem recurso à experiência. Elas subsistiriam no nosso ser, em algum lugar profundo da nossa mente, e somos nós que teríamos liberdade de as pensar ou não. Representariam as essências verdadeiras, imutáveis e eternas, razão pela qual serviriam de fundamento a todo o saber científico. 
[9] A escolástica representa o último período da história do pensamento cristão, que vai do início do século IX até o fim do século XV. Este período do pensamento cristão é denominado escolástica, porque era a filosofia ensinada nas escolas da época por mestres chamados escolásticos. Diversamente da patrística, cujo interesse é acima de tudo religioso e cuja glória é a elaboração da teologia dogmática católica, o interesse da escolástica é, acima de tudo, especulativo, e a sua glória é a elaboração da filosofia cristã. Tal elaboração, todavia, será plenamente racional, consciente e crítica, apenas em Tomás de Aquino, que levou a escolástica ao seu apogeu. Até o Aquinate sobrevivem o pensamento e a tendência platônico-agostiniana, características da patrística, em que era impossível uma filosofia verdadeira e própria por falta de distinção entre natural e sobrenatural, razão e fé, filosofia e teologia.
[10] Renascimento, período da história européia caracterizado por um renovado interesse pelo passado greco-romano clássico, especialmente pela sua arte. O Renascimento começou na Itália, no século XIV, e difundiu-se por toda a Europa, durante os séculos XV e XVI.
[11] Galileu Galilei (1564-1642), cientista italiano, em uma de sua obra, Diálogos sobre os dois grandes sistemas do mundo, ele afirma que a terra, assim como os demais plantas movem-se em torno do sol. A publicação dessa obra foi condenada pela Igreja. Em 19633 a Santa Inquisição prendeu e julgou Galilei por heresia.
[12] Ludwig Joseph Johann Wittgenstein (Viena, 26 de Abril de 1889Cambridge, 29 de Abril de 1951), filósofo austríaco, naturalizado britânico, foi um dos principais atores da virada linguística na filosofia do século XX. Suas principais contribuições foram feitas nos campos da lógica, filosofia da linguagem, filosofia da matemática e filosofia da mente.
[13] WITTGENSTEIN, Ludwig, Tractadus Logico-Philosophicus, São Paulo: Edusp, 2001.
[14] Paradigma (do grego parádeigma) literalmente modelo, é a representação de um padrão a ser seguido. É um pressuposto filosófico, matriz, ou seja, uma teoria, um conhecimento que origina o estudo de um campo científico; uma realização científica com métodos e valores que são concebidos como modelo; uma referência inicial como base de modelo para estudos e pesquisas.